Estimativa é de que área plantada do cereal deverá crescer 5,9% nesta safra em relação a 2012 .
Brasília – A área de trigo no Brasil deverá crescer 5,9% em relação ao ano passado, mas o incremento na produção deverá chegar a 19,6%, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A previsão considera um possível aumento no rendimento médio das lavouras depois da quebra de 30% na última safra. Clima e preço favoráveis constroem o cenário positivo da triticultura em 2013.
Nesta safra, o Brasil deverá retomar a média histórica de produção de trigo, entre 5 e 6 milhões de toneladas. Segundo levantamentos de intenção de plantio, a área que começou a ser semeada em abril e se estende até julho deverá contar com pouco mais de 2 milhões de hectares (ha), apontando crescimento da área semeada nos estados do Paraná (10,5% com 897 mil ha), Minas Gerais (10,2% com 23,7 mil ha), Santa Catarina (5% com 66,6 mil ha), Goiás (4,5% com 9,4 mil ha) e Rio Grande do Sul (3,8% com 1.027 mil ha). O rendimento médio esperado sobe de 2.260 kg/ha em 2012 para 2.700 kg/ha em 2013.
Em Santa Catarina, o crescimento deverá ser acompanhado de maior investimento pelo produtor. A razão apontada pela economista da Epagri Márcia Cunha é o bom preço do cereal no início dos plantios de inverno. “Em algumas regiões encontramos novos silos em construção destinados ao armazenamento do trigo. Mas ainda é cedo para projeções, pois tudo pode mudar em função dos preços dos insumos e da cotação do cereal”, avalia Márcia Cunha.
De acordo com a Embrapa Trigo, o ganho genético nas lavouras de trigo tem sido de 50 kg/ha ao ano, refletindo nas lavouras que passaram de 2.000 para 2.500 kg/ha na última década, exceto em anos de frustrações climáticas como 2003, 2006 e 2012. Hoje, o produtor dispõe de mais de 106 cultivares de trigo (com sementes disponíveis no mercado e registradas no Mapa) para cultivo nas em três regiões tritícolas e adaptadas às mais diversas realidades e padrões tecnológicos.
Conforme o pesquisador Pedro Luiz Scheeren, “a pesquisa está oferecendo o que existe de melhor em termos de genética. O produtor está cada vez mais profissional na condução da lavoura. Neste cenário, eu acredito que, nos próximos dez anos, o Brasil será competitivo no mercado internacional de trigo”.
Clima – O clima que prejudicou o trigo na última safra não deverá se repetir neste ano. Segundo o agrometeorologista da Embrapa Trigo Gilberto Cunha, a tendência, em função dos grandes indicadores globais, é de uma condição climática normal em 2013.
As chances de El Ni¤o, trazendo excesso de chuva na primavera, são baixas. Este cenário indica menor incidência de doenças e melhor qualidade do produto colhido.
Contudo, o pesquisador ressalta que, mesmo não sendo possível prever como será o tempo na época de colheita e quando exatamente ocorrerão as geadas, principais intempéries que representam riscos à cultura, “a antecipação de que não deveremos ter El Ni¤o nessa safra é uma boa notícia para os triticultores do Sul do Brasil”, e recomenda: “o produtor deve seguir o zoneamento agrícola, fazer escalonamento de semeadura com diferentes cultivares, investir em adubação e tratamento fúngicos conforme necessidade, enfim, zelar pelo manejo da lavoura do começo ao fim da safra”, orienta.
Outra recomendação do pequisadora pesquisa ao produtor é semear apenas o que terá capacidade de colher: “se eu posso plantar 50 hectares por dia, é porque minha capacidade é para colher 50 hectares num único dia. O que acontece, muitas vezes, é que o trigo é plantado todo num dia, mas a colheita pode levar até uma semana. O cereal fica pronto para colher, mas acaba estragando enquanto espera na lavoura”, alerta o pesquisador Pedro Scheeren.
FONTE: Diário do Comércio – MG