São Paulo – A carreira de Beth Viveiros andava muito bem: trabalhando há mais de 20 anos na área de engenharia, ela estava empregada na gigante de tecnologia Google. Só havia um problema: ela não se sentia realizada, já que seu sonho sempre foi criar um negócio próprio.
Por isso, no ano de 2013, Beth tomou uma grande decisão – saiu do emprego e decidiu abrir um negócio no ramo de alimentação, que sempre foi uma paixão sua. Ela já cozinhava para parentes e amigos, e decidiu profissionalizar o hobby.
Hoje, a Beth Bakery faz sucesso com uma proposta inovadora: ela funciona como um clube de assinatura online, no qual é possível selecionar a quantidade e o tipo de pães que serão recebidos todas as semanas.
História
Quando decidiu abrir seu próprio negócio, Beth sabia que aquele era o momento correto. “Eu tinha acabado de sair do Google e sabia que, se não fosse agora, não seria nunca mais. Pensei na minha idade, no dinheiro que havia guardado, no fato de meu marido estar em um emprego e isso trazer uma certa segurança. Se eu fosse voltar a trabalhar, ficaria mais dez anos lá e perderia o timing. Foi muito uma questão de oportunidade”, conta Beth.
“A Bakery, na verdade, foi uma ideia que eu tive apenas para ir gerando uma grana enquanto eu estudaria e teria um tempo livre, tanto para cuidar da minha vida pessoal quanto para descobrir um modelo de negócios.”
Quem cuidou de toda a parte de marketing foi o marido de Beth, Tiago Brandão. A opção pelo formato online foi uma forma de fazer com que a administração do negócio e o atendimento aos clientes fosse mais simples – assim, Beth poderia se dedicar às outras atividades que pretendia realizar.
“A ideia era que, enquanto eu estivesse na cozinha, não precisasse vender: para isso havia o e-commerce e a página no Facebook”, explica a empreendedora. 40% dos potenciais clientes da Beth Bakery chegam ao site por meio da rede social, diz o Facebook para Empresas.
Expansão
Já no primeiro mês de Beth Bakery, o negócio atingiu seu ponto de equilíbrio – ou seja, pagou seu investimento inicial, que foi de 10 mil reais. A demanda cresceu muito e de forma rápida, conta Beth: o negócio foi divulgado apenas para amigos no começo, mas o boca a boca popularizou a ideia. Hoje, Beth atende cerca de 50 a 60 pedidos por semana pelo e-commerce.
Com o sucesso da Beth Bakery, Brandão largou seu antigo emprego e virou sócio da Beth Bakery, cuidando da área de atendimento e marketing.
Funciona assim: no formato clube de assinatura, as vendas da semana ocorrem até quarta-feira – o cardápio é divulgado na segunda-feira.
Na quinta-feira, Beth produz os pães; sexta-feira é o dia da entrega. É possível montar kits personalizados, de acordo com a quantidade e o tipo de pão desejado. A assinatura varia de 125 reais até 220 reais mensais, dependendo de quantos produtos por semana são pedidos.
Também é possível simplesmente pedir o produto na hora desejada, como ocorre em um e-commerce comum. Além dos pães, a Beth Bakery também produz biscoitos e bolos. Na fornada desta semana, por exemplo, há pão de centeio, pão siciliano, bolo de especiarias e rosquinhas de limão. Os valores variam de 10 a 14 reais; a fornada completa sai por 50 reais.
Beth e Brandão trabalharam na própria casa até o ano passado. Porém, a demanda superou, e muito, a capacidade de produção da cozinha do casal. Começaram a aparecer encomendas corporativas e para aniversários, por exemplo.
“Eu cheguei a negar a encomenda, simplesmente porque não havia o que fazer. Para aumentar a produção e suprir a demanda, a gente resolveu alugar um ponto físico e montar uma cozinha”, conta Beth.
A cozinha fica no bairro de Vila Mariana, em São Paulo. “A ideia era fazer uma cozinha fechada, mas tínhamos uma porta de metal vazada e as pessoas nos viam trabalhando lá. Elas vinham nos dar boas-vindas ao bairro, e percebemos que lá havia uma demanda. Já tínhamos uma clientela no online que gostaria de nos conhecer pessoalmente e ver como tudo é feito; mas também surgiu uma clientela nas redondezas.”
Por isso, a Beth Bakery resolveu transformar o local alugado em uma padaria aberta ao público, mas com horário reduzido. De terça-feira até sexta-feira, o negócio fica aberto das 16h às 20h; aos sábados, abre das 13h às 20h. Por semana, cerca de 200 clientes são atendidos na padaria fixa.
Há uma quantidade fixa que pode ser produzida, por conta da falta de tempo de Beth: os clientes já entenderam que é possível que a Beth Bakery fique sem estoque perto do fim do expediente.
“Na internet, eu tenho um planejamento muito bom, porque sei exatamente quanto eu tenho de produzir, e se eu posso. Na loja, eu produzo o que eu posso e vendo. Geralmente esgota, é uma loucura. Mas o pessoal já entendeu que temos uma produção pequena.”
Planos
“Tudo anda funcionando muito bem e, mais uma vez, a nossa oferta não atende toda a demanda”, diz Beth. Por isso, o plano da Beth Bakery para este ano é continuar crescendo: já há um contrato fechado para a compra de mais equipamento e o negócio também está estudando a contratação de um funcionário.
“Ainda estamos analisando, porque precisamos ver se isso é bom ou não para nossa marca: afinal, as pessoas estão acostumadas a me ver cozinhando, eu sou a cara do negócio. Este semestre será dedicado a crescer o tanto que a gente sabe que pode crescer.”
#ElaFazHistoria
Beth faz parte da iniciativa #ElaFazHistoria, criada pelo Facebook e pelo Instagram. O programa possui três frentes: conscientizar, celebrar e capacitar. E é na primeira missão que a história de Beth entra: sua trajetória pode servir de exemplo para outras futuras empreendedoras.
Veja o vídeo da iniciativa, com a Beth Bakery:
Fonte: EXAME